segunda-feira, 30 de abril de 2012

Eu quero Tchu, eu quero Tcha!

Uma cena simbólica ocorreu no futebol espanhol esse fim de semana. O brasileiro Daniel Alves comemorou o quinto gol do Barcelona contra o Rayo Vallecano, com a estúpida dancinha do "Quero Tchu, Quero Tcha". Ao contrário do que ocorre no Brasil, onde uma porção de comentaristas alimentam esse tipo de atitude, sob o argumento imbecil que futebol é diversão ou que isso faz parte do "futebol moleque" brasileiro, no time do Barcelona a comemoração pegou mal e foi repreendida pelo zagueiro e líder do time Puyol e pelo técnico Guardiola. Daniel Alves guardou essa comemoração especial justamente após o Barcelona sofrer dois grandes reveses em seu ano – eliminação na Champions e uma derrota para o Real Madri – além do anúncio que o técnico Pepe Guardiola estaria deixando o clube após o término do seu vínculo. Por baixo de toda fumaça de exaltações que cobriram o Barcelona, que em diversas vezes saia do campo do elogio e partia para o terreno da bajulação barata, há sim grandes qualidades nesse Barcelona e a principal dela, em minha opinião, é manter jogadores e técnico com identificação pelo clube. A comemoração de Daniel Alves, além de desrespeitosa contra um time imensamente inferior, destoa da tristeza dos principais atletas durante a semana com a saída de seu treinador. O jogador de imediato se desculpou pelo ocorrido, até porque o Barcelona é muito para ele e não ao contrário.
Aqui no Brasil as dancinhas e gracejos em comemorações de gols viraram febre, principalmente quando feitas pelo pupilo-mor de nossa imprensa o Neymar. Não há dúvidas que o Neymar é craque, alias, o único craque em atividade por aqui, pois sujeitos como Ganso e Lucas nada mais são do que bons jogadores com um trabalho de marketing muito intenso para que sejam vendidos como craques. Também não vejo Neymar como um sujeito mau caráter como é o caso do "Neymar de outrora" (Ronaldinho Gaúcho), mas não há duvidas que ele foi forjado nessa mentira criada de que o futebol brasileiro deve ser irreverente. O Flamengo de Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love foi ridiculamente eliminado na primeira fase da Libertadores e mesmo numa situação que exigia seriedade e comprometimento, os jogadores não pouparam passinhos de funk nas comemorações dos gols. Para quem acredita que essa irreverência seja inerente ao futebol brasileiro e que ir contra isso é quase uma ofensa patriótica, lembrem-se dos times e seleções vitoriosas por aqui e faça uma comparação de quantos desses eram irreverentes e quantos apenas jogavam bola. O mais patético é que essas comemorações de hoje em dia não são aleatórias e espontâneas, elas seguem tendências e promovem músicos ou até programas esportivos.  
Há quem defenda esse tipo de comemoração traçando um paralelo com o futebol americano e esse é o argumento que mais abomino e cago em cima. É incomparável a paixão que cerca o futebol com qualquer outro esporte no mundo, pois o futebol não é esporte, futebol é futebol. Um americano jamais entenderia isso. O torcedor não assiste futebol para se entreter, pois não é uma diversão e sim um ritual que envolve devoção, dor e emoção. Quem se encontra nesse estágio não aceita brincadeirinhas e nem é justo cobrar que aceite, por tanto uma gracinha como essa pode gerar consequências desastrosas.
Um vídeo que retrata muito bem o que é ser um torcedor de futebol é este:



Você imagina uma emoção assim em qualquer outro esporte?
Para não cair na armadilha da incoerência eu nunca gostei desse tipo de comemoração nem no Palmeiras. Achava ridículas as comemorações do Paulo Nunes e sou totalmente contra os gracejos do Valdivia. Eu gostava mesmo era das comemorações do Evair, do velho e tradicional abraço nos companheiros e vibração junto a torcida. O que esperar de uma geração de jogadores que cagam e andam para os torcedores do seu clube, que na hora da comemoração dos gols procuram uma câmera para fazer graça. Preocupam-se mais de aparecer num programinha esportivo infame do que ser aclamado pelos torcedores de seu clube. Parabéns ao Puyol e ao Guardiola por condenarem essa aberração, espero que o técnico leve essa cultura a outros times que ele venha dirigir. 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Coincidência?

Desde domingo surgiram uma dezena de especulações sobre o motivo da queda de rendimento do Palmeiras, alias, essas explicações vem sendo buscadas desde o fatídico jogo contra o Corinthians.

Parte grossa da imprensa chutou a contratação Wesley, digo chutou porque o que temos hoje não são jornalistas investigativos e sim especulativos, que tratam fofocas ou opiniões como informação. Outra parte enfatizou a derrota no clássico e os prejuízos psicológicos que isso causou, mas pouca gente comentou sobre um fato ocorrido logo após o jogo contra o Corinthians, que apesar de desmentido vem se mostrando não tão "desmentível".

Lembram que o Lance divulgou uma tal lista de dispensa de atletas? De imediato o treinador repudiou a tal lista, dizendo que não existia nada disso, tanto que o Chico seria escalado como titular no jogo seguinte. Bom, coincidência ou não o elenco do Palmeiras passou a não mostrar a mesma disposição nos jogos que se seguiram, pode ser que apenas por uma deficiência técnica, mas até mesmo em outros clássicos o Palmeiras tinha demonstrado mais "entusiasmo". Os jogadores não cansam de falar que o grupo é unido e não é de se duvidar disso e uma lista antecipada de dispensa poderia causar mal estar do grupo com o treinador. Apesar do desmentido os nomes que continham nessa lista estão mesmo saindo: Tinga, Chico, Gerley, Ricardo Bueno, Fernandão... O que mostra que tal lista não surgiu do nada.

Lógico que é apenas uma hipótese, pode ser que não tenha nada haver, de qualquer modo alguém de dentro do Palmeiras vazou essa lista para imprensa – para variar – com intuito de tumultuar mais ainda as coisas. Todos esses que estão saindo tem que sair mesmo, mas até então faziam parte do elenco do Palmeiras, treinavam junto e muitas vezes entraram no time. Precipitar uma informação desse jeito é no mínimo amador. Esta na hora de se identificar quem é o alcaguete para ele entrar na lista de dispensas. Nessas horas que entendemos um pouco do porquê de tantos fracassos.

    

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A dor que já estamos acostumados.

Nós palmeirenses não gostamos de ouvir algumas coisas, por exemplo, temos dificuldade de nos encarar hoje como a quarta força de São Paulo, que na década atual nosso retrospecto de vitórias é de time médio e que hoje o Palmeiras não pode ser considerado favorito em campeonato nenhum que disputa. Vivemos sob o estigma do perdedor, por exemplo, ontem eu não tive coragem de falar nada após o jogo do Corinthians, pois no fundo eu sabia que algo semelhante ou pior poderia acontecer com o Palmeiras. Não é pessimismo barato, mas há anos os vexames, as pipocadas tem sido recorrentes, como um drama obrigatório. A grande diferença entre nós palmeirenses e um torcedor da Lusa rebaixada, por exemplo, é que nós somos herdeiros de uma história colossal, de um time que livre dessa decadência institucional que nos assola desde a década de 80, seria de longe o time com mais conquistas em todo tipo de campeonato. Especificamente o jogo e a eliminação de ontem foi apenas mais um dos dramas dessa desgraça em loop que se tornou o Palmeiras. Podemos e devemos reclamar dos frangos do Deola, da mediocridade do Daniel Carvalho na armação, da facilidade com que o time do Guarani driblava e entrava na nossa zaga e da incompetência e soberba do Felipão, que desde que chegou não conseguiu ao menos dar um padrão tático ao time, mesmo tendo uma "carta branca" da diretoria e da torcida jamais dada a nenhum outro técnico antes dele. Mas sinceramente, não consigo diferenciar essa eliminação daquela contra o Santo André na Copa do Brasil, contra o Goiás na Sulamericana, contra o Vasco na Mercosul, contra o Asa de Arapiraca na Copa do Brasil, contra o Paulista de Jundiaí no Paulista, e assim vai. Todas essas, independente de terem sido nos pênaltis ou no jogo normal, foram doloridas e tiveram seus vilões.
Eu, como muitos outros palmeirenses, defendo também a saída de Felipão, não só por mais um fracasso como o de ontem, mas por crer também que a maior fatia da culpa não é dele, e sim de algo crônico no Palmeiras, que entra técnico, sai técnico, entra jogador, sai jogador e continua igual, por isso acho um desperdício gastar tanto com um cara que conseguiu os mesmos resultados de outros bem menos consagrados. Vou mais além, para preservar nossos "ídolos" eu defendo que jamais se contrate alguém que teve uma passagem vitoriosa pelo time, pois muito provavelmente a nova passagem desgastará a anterior. Mas quem contratar? Não sei! Qualquer um, pois é muito provável que terá o mesmo destino de Luxemburgo, Muricy, Felipão ou até do Mourinho se esse aceitasse essa pica em sua carreira.
Seja honesto comigo amigo palmeirense, honesto comigo e consigo mesmo, gente como a que comanda o Palmeiras, como a que vive aparecendo na mídia para conturbar o ambiente em troca de benefício próprio, merece o sucesso? Como associar um time campeão a uma figura da postura do nosso presidente? Um sujeito que jamais deveria ser lembrado como presidente do Palmeiras, responsável pelo apequenamento do clube. É justo que pessoas capazes de torcer contra o time quando estão na oposição sejam lembradas como vitoriosos? Que frutos merece uma diretoria que nem mesmo culhão de se manifestar contra as injustiças que o time sofre? Está na cara que esse ano será mais um ano medíocre e começo duvidar até mesmo que um título mudaria o rumo do barco, porque a doença está aí exposta para todos nós palmeirenses enxergar e não há cura a não ser extirpar, e mesmo assim, não se sabe a dimensão da infecção, talvez essa esteja até generalizada. Quando torço pelo Palmeiras, torço por algo que já está no meu imaginário, pois me causa repulsa as figuras que orbitam em torno do clube. Enoja-me ouvir declarações e entrevistas de gente como Tirone, Frizzo, Tirone, Gilto, Piraci, Pescarmona e Palaia. São imbecis, verdadeiros palhaços que expõe milhões de torcedores a momentos vexatórios. Tenho ódio dessas pessoas, ódio franco, pois sei que esse é o tipo de gente que munem escrotos como Fredy Jr. e Perrone.
A dor de uma eliminação como essa é grande, mas infelizmente nós palmeirenses temos nos acostumados com isso, o que mais incomoda é no fundo saber que não merecíamos melhor sorte e que não fazemos ideia de quando mereceremos. Tenho muitas dúvidas se ainda temos o tamanho que achamos ter, pois não somos mais a nossa história e sim um clube administrado por uma corja de filhos da puta, incompetentes e covardes.