segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Será que só ele não tem culpa?

O jogo de ontem contra o Catanduvense para mim foi decepcionante, confesso que fiquei mais puto que de costume e ao contrário de muitos palmeirenses, não consegui sequer extrair algo positivo. Minha maior raiva não foi pelo pênalti imbecil cometido pelo Leandro Amaro, nem mesmo pelos gols perdidos pelo Ricardo Bueno ou tampouco por ter quase perdido para um time que acabou de subir de divisão no Paulista e que jamais em sua história ter marcado um gol no Palmeiras, mas por aparentar que se passou quase 2 anos e o Felipão não ter conseguido fazer esse time do Palmeiras jogar bola, independente dos jogadores em campo.

Até agora Felipão é blindado pela torcida do Palmeiras devido à empatia conquistada na sua última passagem, todos já receberam sua parcela de culpa e foram punidos. Desde a metade de 2010, quando ele assumiu, a torcida o poupou da eliminação da Sulamericana 2010 para o Goais, uma colocação pífia no Brasileiro de 2010, da derrota na semifinal do Paulista 2011 para o Corinthians, da goleada e eliminação da Copa do Brasil 2011 para o Coritiba, eliminação da Sulamericana 2011 para o Vasco, da campanha de merda do Brasileiro de 2011 e cá estamos nós, com o time ainda jogando mal, tendo de correr atrás desesperadamente de um placara contra o Catanduvense. Entendo que no palmeiras nada é fácil, o clima político é pior do que Chernobyl, o elenco não é lá essas coisas, a imprensa joga contra e a torcida é corneteira, mas Felipão teve no Palmeiras o que nenhum treinador teve nos últimos 10 anos, apoio incondicional da torcida para fazer o que quer. Ficamos do seu lado quando ele brigou com Frizzo, quando brigou com Sérgio Prado, quando brigou com Valdivia, quando brigou com a imprensa, quando defendeu o Luan, quando brigou com Kleber, quando dispensou jogadores, quando exigiu outros jogadores, quando cutucou a diretoria através de sua assessoria, enfim, em todas divididas do técnico a torcida comprou sua briga. Mas sejamos honestos, até agora o trabalho de Felipão foi apenas modesto e ao que parece nada mudou para este ano.

Não conseguimos ver o Palmeiras trabalhando uma bola no meio campo, trocando passes até chegar no ataque, toda vez é lançamento para pegar alguém na corrida ou tentativa de jogada individual, nem me lembro qual foi o último gol do Palmeiras saído de uma jogada trabalhada.O Palmeiras erra uma quantidade absurda de passes, pois os jogadores jogam distante entre si e parecem ficar estáticos em suas posições. Veja o exemplo do último jogo, Felipão milagrosamente se arriscou e escalou Maicon Leite na extrema direita, Luan pela extrema esquerda, Ricardo Bueno de pivô e Daniel Carvalho armando – até aí perfeito na teoria– mas na prática o Palmeiras não encaixou em campo, continuou sendo correria pelas pontas, tentativas de ligação direta da zaga para o ataque e muitos passes errados. Marcio Araujo é um volante limitadíssimo, incapaz de produzir qualquer coisa útil no ataque, Luan continua grosso, tentando cruzamentos absurdos e até agora engolimos ambos graças ao carinho de Felipão pela tal eficiência tática de ambos.  Mas que porra de eficiência tática é essa? Correr atrás de bolas que eles mesmos perdem?

Sei lá, pode ser que mude alguma coisa durante a temporada, mas esse jogo contra o Catanduvense me lembrou as dezenas de jogos do ano passado, em que o Palmeiras corre, corre, corre, mas só empata e lamentamos a perda de um gol ou a cagada de um zagueiro. Está na hora do Felipão parar de chiar e botar esse time pra jogar bola como grande que é, pois empatar com Catanduvense é inaceitável.

 

Bota na conta do Del Nero


O Corinthians joga tão mal quanto o Palmeiras, mas sempre há a boa vontade da arbitragem, que compensa qualquer deficiência. Contra o Linense além to tão falado gol anulado, Jorge Henrique (sempre ele) deveria ter sido expulso no fim do jogo, mas contou com a complacência do arbitro. Bota mais essa na conta do Del Nero.


Transmissão de TV          


Ouvimos muita babozeira no último domingo em virtude da Globo ter transmitido o jogo do São Paulo e não do palmeiras. Inclusive teve neguinho de programa de rádio falando que era por audiência. Impressionante a falta de inteligência e de critério de certos sujeitos, pois antes de falar qualquer coisa era só dar uma olhada na tabela para perceber que o São Paulo joga por três rodadas de fim de semana em casa, enquanto o Palmeiras fora e de domingo, portanto se a Globo não transmitisse o jogo do São Paulo domingo passado, provavelmente o time ficaria sem jogos na TV por um longo período, tendo em vista que a preferência no meio de semana é sempre do Corinthians por razões já conhecidas. Domingo que vem teremos Palmeiras de novo na TV. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Um time pequeno jogando como grande e um time grande jogando como pequeno

A Portuguesa tem sim um elenco fraco, recheado de jogadores desconhecidos e outros que já rodaram por times grandes mas que nunca se firmaram, porem há de se destacar a filosofia de jogo imposta por Jorginho à Portuguesa. Em 2009, quando o Palmeiras ao seu comendo como interino, disparou na liderança do Brasileiro, chegou-se a cogitar que ele não tinha os méritos pelo futebol que o Palmeiras vinha apresentando e que hora ou outra iria pipocar, contrataram o Muricy por um caminhão de dinheiro e o resto da história já conhecemos. Confesso que fico feliz eu ver o treinador dando a volta por cima e mostrando que é um cara ousado, moderno, querido pelos jogadores e que transformou um time decadente em um time razoável que se movimenta bastante. Claro que há quem diga que é um exagero já colocá-lo como um grande treinador, porem eu gostaria muito de vê-lo novamente no Palmeiras. No jogo de ontem ficou claro que a Portuguesa não deve conquistar nada este ano devido a falta de qualidade de seus atletas na hora de definir uma jogada, no entanto o time da Lusa é ofensivo, adianta a marcação, toca bem a bola e os jogadores se movimentam muito.

Do outro lado o Palmeiras tem um técnico vitorioso, consagrado e que graças a isso ganha uma pequena fortuna por mês. Felipão criou uma receita que lhe rendeu muito sucesso, no Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro, seleção Brasileira e Portugal e insiste nessa fórmula nem que morra abraçado a ela. É inegável que os times dirigidos pelo técnico demonstram uma vontade fora do comum e o Palmeiras de hoje tem isso, mas há momentos que a insistência nesse estilo de jogo cansa o torcedor, principalmente quando o time não ganha títulos. Ouço muitos torcedores palmeirenses dizendo que "não é mais o Felipão de antigamente", mas eu penso o contrário, esse é exatamente o mesmo Felipão de antigamente. Ele sempre foi teimoso, retranqueiro e com predileção por alguns jogadores questionáveis, mesmo na época em que se consagrou dirigindo o Palmeiras, sempre houve apostas pessoais dele que ninguém compreendia (lembram do Thiago Silva?). O que o diferencia dos outros é que ele é dedicado ao time que treina, não aceita sacanagens e nem corpo mole e vibra dentro de campo, isso cria uma empatia muito grande com o torcedor, principalmente com o palmeirense que é o torcedor mais passional do Brasil. Ontem o Palmeiras entrou mais uma vez como um time pequeno, preocupado em conter a Portuguesa e esperando que em num contra-ataque ou numa bola parada saísse um gol. Felipão gosta de jogadores voluntariosos e isso que garante vaga no time a caras como Tinga, Marcio Araújo e Luan, mas são jogadores fracos tecnicamente, erram muitos passes e chutam mal a gol. Marcos Assunção é um ótimo batedor de faltas, mas com a bola rolando é apenas regular. Com isso a culpa sempre acaba caindo no centro-avante ou no meia de criação, que se sentem num jogo de fliperama, toca a bola mas não sabe como a receberá de volta. O troca de Tinga por Maicon Leite e de Luan por Daniel Carvalho, não foram coisa de outro mundo, mas mudou totalmente o time, pois aí responsabilidade pelo "bom passe" ficou partilhada entra Valdivia e Daniel Carvalho e sem dúvida Maicon Leite é mais inteligente no último passe que o Luan. Até Ricardo Bueno foi capaz de melhorar depois disso, pois limitações a parte, as coisas ficam mais fáceis para um atacante quando a bola chega redonda.   

Em minha opinião o Palmeiras vem buscando há tempos a solução errada para o time. O grave problema de criação tem início na falta de qualidade dos volantes e mesmo com o melhor centroavante ou meia do mundo, continuaremos sofrendo com a mediocridade de alguns atletas. A bola chega sempre mal da zaga do Palmeiras ao setor ofensivo, pois os atletas responsáveis por essa ligação não são capazes de trocar passes certos e objetivos. Está provado que nos grandes times sempre há grandes volantes ou ao menos, bons volantes. Com Marcio Araujo e Tinga não dá, deveria ter sido procurado substituto para esses atletas, nem que seja na base. Enquanto Felipão insistir em sua receita de bolo com esses atletas o Palmeiras seguirá entrando em campo para se defender e contar com o acaso, pois até é possível ser campeão com um Thiago Silva ou um Galeano, mas não com 3 ou 4 desses jogando juntos como titulares.      


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nós contra a renca!


Ontem pude comprovar via Twitter que inúmeros palmeirenses além de mim se indignaram com o tratamento da imprensa sobre a vitória do Palmeiras contra o Bragantino. Creio que todo palmeirense que acompanha as notícias de seu time na mídia nota uma tendência clara de avacalhação em tudo que cerca o time, principalmente quando em comparação com seus rivais. O que assustou no caso específico de ontem é que toda essa coisa extrapolou o limite do limite, pois a despeito de todas atrapalhadas da diretoria, o Palmeiras venceu e mereceu vencer o Bragantino fora de casa e é inaceitável que a imprensa tenha visto um jogo que nós palmeirenses não tenhamos visto, onde o Palmeiras venceu no "sufoco". É questão de justiça, essa vitória do Palmeiras não é contestável, não precisa ser reverenciada como um feito heróico, mas tampouco ser tratada como acaso ou como sem mérito. Em contrapartida, para ajudar a piorar as coisas, a vitória do Corinthians (em casa), com arbitragem polêmica e gol no finalzinho da partida contra o tradicional Mirassol, recebeu tratamento distinto, conforme pode ser comprovado em imagem que circula nos sites da Mídia Palestrina.    

Sabemos que a mídia nunca é imparcial e que são inúmeros os interesses por trás dos meios de comunicação – assunto bem abordado pelo livro Mídia, Máfias e Rock'n Roll de Claudio Tognolli – como também é fato que especificamente no futebol o nível dos profissionais é muito baixo, reinando o CTRL+C / CTRL+V de textos e idéias. Mas nesse caso creio que não sejam esses (ou só esses) os motivos, pois alguns dos profissionais envolvidos – pasmem – são palmeirenses, inclusive o que assinou a polêmica matéria do Lance – Thiago Salata. Veja bem, ninguém quer que um jornalista palmeirense faça papel de palhaço como fazem aqueles sujeitos da Jovem Pan ou o Chico Lang, até porque o dever de todo jornalista é informar tudo que acontece independente de que isso vá agradar ou desagradar, mas há de se ter o bom senso que o ponteiro da imparcialidade não pode chegar a parcialidade negativa.

O repórter do lance não é o único palmeirense na mídia que avacalhou desmereceu o Palmeiras, no mesmo dia na Transamérica, André Galvão que também é palmeirense, adotou o mesmo tom ao falar da vitória do Palmeiras. Mas porque os representantes palmeirenses da mídia, ou melhor, os representantes da mídia que são palmeirenses são mais críticos com o Palmeiras? Não sei. Talvez por não conseguirem esconder a chateação de ver o time acumular maus resultados nos últimos anos. O grande problema é que esse tipo de coisa só contribui negativamente com tudo, pois tira a confiança do time, da torcida e ainda prejudica a imagem do time perante os potenciais patrocinadores e atletas.

Somado a isso há também o fato de que virou moda tentar achar algo errado no Palmeiras, parece que a todo momento os jornalistas que cobrem o Palmeiras tentam descobrir alguma coisa errada, alguma polêmica, alguma intriga, pois essa é a pauta que interessa aos jornais sobre o Palmeiras, principalmente sabendo-se que nos últimos anos alguns veículos intensificaram seu foco na torcida corintiana, simplesmente por ser a maior.

É uma pena que as coisas tenham chegado a esse nível, mas nós palmeirenses devemos aprender filtrar muito o que lemos na mídia e termos a consciência de que agora o Palmeiras precisa de nós torcedores como nunca precisou antes, pois "somos nós contra a renca".

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Faça você mesmo!

Se você palmeirense não pode acompanhar o jogo de ontem contra o Bragantino e tentou ter alguma idéia de como foi através da mídia, deve estar pensando que o Palmeiras tomou um sufoco do Bragantino e ganhou na sorte, chorado, com um golzinho no final do jogo. Pois agora falar mal do Palmeiras é uma espécie de moda no jornalismo esportivo, parece que os jornais disputam para ver quem consegue encontrar mais um problema no Palmeiras.

Ontem por exemplo pouco se ouviu falar da vitória fora de casa sobre um time complicado, pois o Bragantino, ao contrário de Botafogo de Ribeirão Preto e Mirassol, disputa a série B do Brasileirão e ano passado terminou em sexto. A manchete do Lance de hoje, por exemplo, é: Que sufoco! Palmeiras joga mal e vence do gol no final. Concordo que o jogo não foi nenhum primor, mas o Palmeiras criou uma série de chances e em nenhum momento ficou atrás no placar, mesmo jogando fora de casa. Talvez a melhor e mais imparcial manchete fosse: Em jogo difícil, Palmeiras estréia com vitória fora de casa.  Outro fato exaustivamente discutido foi a camisa com patrocínio tapado do Palmeiras, concordo que a Adidas já deveria ter produzido jogos de camisa sem patrocínio, mas até aí não é exclusividade do Palmeiras estar sem patrocínio Master, o São Paulo também não fechou com ninguém e o ano passado jogou boa parte do campeonato sem o tal patrocínio, mas não vejo a mesma insistência em colocar isso como um problema  grave.

Houve também os jornalistas que fizeram questionamentos via Twitter sobre o preterimento da Globo ao Palmeiras (que jogou fora) diante do São Paulo (que jogou no Morumbi) na transmissão da partida, lógico que a alusão foi sempre dando o sentido de que o Palmeiras estava se apequenando, mas o motivo é óbvio se antes de falar o sujeito olhasse a tabela do Paulistão. Situação como ocorreu no Brasileiro de 2011, onde o São Paulo quase não teve transmissão de jogos pela televisão é atípica, pois foi uma clara retaliação da emissora, mas o São Paulo se mexeu para contornar a situação e nomeou o pai de Caio Ribeiro (comentarista da Globo) como diretor de comunicação, logo ele convocou a diretoria da Globo para um encontro e provavelmente selou a paz entre ambos. O Palmeiras joga praticamente todas partidas de fim de semana fora de casa, enquanto Corinthians e São Paulo jogam fora nas quartas-feiras. Se a Globo seguisse a lógica de televisionar só os jogos fora de casa, teríamos por 3 rodadas consecutivas jogos do Palmeiras na TV de domingo e Corinthians na quarta-feira, criando um desequilíbrio nas transmissões. Pode ter certeza que a lógica da Globo será de deixar o Corinthians toda semana na televisão (quarta ou domingo) e o São Paulo e Palmeiras revezando semana sim sema não.

Creio que o melhor nesse momento para o palmeirense seja ignorar (ou não relevar tanto) as críticas da imprensa em relação ao time do Palmeiras e passar a analisar por si próprio, ou através das mídias palestrinas, como foi o jogo, como se comportou o time, senão a sensação é que estamos abaixo do limbo. Siga a lógica do "Faça você mesmo".

Corneta

Como eu disse acima, creio que o Palmeiras não tenha jogado mal e uma vitória, na estréia, fora de casa contra o Bragantino, foi o melhor resultado entre os grandes. Alias, grandes são: Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos. Essa história de que alguns "comentaristas" 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A origem da língua Italiana

A Europa era uma confusão de inúmeros dialetos derivados do latim que aos poucos, ao longo dos séculos, se transformaram em alguns idiomas distintos – francês, português, espanhol, italiano.

O que aconteceu na França, em Portugal e na Espanha foi uma evolução orgânica: o dialeto da cidade mais proeminente se tornou, aos poucos, a língua oficial da região toda.

Portanto, o que hoje chamamos de francês é na verdade uma versão do parisiense medieval. O português é na verdade o lisboeta. O espanhol é essencialmente o madrilenho. Essas são vitórias capitalistas; a cidade mais forte acabou determinando o idioma do país inteiro.

Na Itália foi diferente. Uma diferença importante foi que, durante muito tempo, a Itália sequer foi um país. Ela só se unificou bem tarde (1861) e, até então, era uma península de cidades-Estado em guerra entre si, dominadas por orgulhosos príncipes locais ou por outras potências europeias. Partes da Itália pertenciam à França, partes à Espanha, partes à Igreja, e partes a quem quer que conseguisse conquistar a fortaleza ou o palácio local.

O povo italiano se mostrava alternativamente humilhado e conformado com toda essa dominação. A maioria não gostava muito de ser colonizada por seus co-cidadãos europeus, mas sempre havia aquele bando apático que dizia: "Franza o Spagna, purchè se magna" que, em dialeto, significa: "França ou Espanha, contanto que eu possa comer".

Toda essa divisão interna significa que a Itália nunca se unificou adequadamente, e o mesmo aconteceu com a língua italiana. Assim, não é de espantar que, durante séculos, os italianos tenham escrito e falado dialetos locais incompreensíveis para quem era de outra região.

Um cientista florentino mal conseguia se comunicar com um poeta siciliano ou com um comerciante veneziano (exceto em latim, que não chegava a ser considerada a língua nacional).

No século XVI, alguns intelectuais italianos se juntaram e decidiram que isso era um absurdo. A península italiana precisava de um idioma italiano, pelo menos na forma escrita, que fosse comum a todos. Então esse grupo de intelectuais fez uma coisa inédita na história da Europa; escolheu a dedo o mais bonito dos dialetos locais e o batizou de italiano.

Para encontrar o dialeto mais bonito, eles precisaram recuar duzentos anos, até a Florença do século XIV. O que esse grupo decidiu que a partir dali seria considerada a língua italiana correta foi a linguagem pessoal do grande poeta florentino Dante Alighieri.

Ao publicar sua "Divina Comédia", em 1321, descrevendo em detalhes uma jornada visionária pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, Dante havia chocado o mundo letrado ao não escrever em latim. Considerava o latim um idioma corrupto, elitista, e achava que o seu uso na prosa respeitável havia "prostituído a literatura", transformando a narrativa universal em algo que só podia ser comprado com dinheiro, por meio dos privilégios de uma educação aristocrática. Em vez disso, Dante foi buscar nas ruas o verdadeiro idioma florentino falado pelos moradores da cidade (o que incluía ilustres contemporâneos seus, como Boccaccio e Petrarca), e usou esse idioma para contar sua história.

Ele escreveu sua obra-prima no que chamava de dolce stil nuovo, o "doce estilo novo" do vernáculo, e moldou esse vernáculo ao mesmo tempo que escrevia, atribuindo-lhe uma personalidade de uma forma tão pessoal quanto Shakespeare um dia faria com o inglês elizabetano.

O fato de um grupo de intelectuais nacionalistas se reunir muito mais tarde e decidir que o italiano de Dante seria, a partir dali, a língua oficial da Itália seria mais ou menos como se um grupo de acadêmicos de Oxford houvesse se reunido um dia no século XIX e decidido que – daquele ponto em diante – todo mundo na Inglaterra iria falar o puro idioma de Shakespeare. E a manobra realmente funcionou.

O italiano que falamos hoje, portanto, não é o romano ou o veneziano (embora essas cidades fossem poderosas do ponto de vista militar e comercial), e sequer é inteiramente florentino. O idioma é fundamentalmente dantesco.

Nenhum outro idioma europeu tem uma linhagem tão artística. E, talvez, nenhum outro idioma jamais tenha sido tão perfeitamente ordenado para expressar os sentimentos humanos quanto esse italiano florentino do século XIV, embelezado por um dos maiores poetas da civilização ocidental.

Dante escreveu sua "Divina Comédia" em terza rima, terça rima, uma cadeia de versos em que cada rima se repete três vezes a cada cinco linhas, o que dá a esse belo vernáculo florentino o que os estudiosos chamam de "ritmo em cascata" - ritmo esse que sobrevive até hoje no falar cadenciado e poético dos taxistas, açougueiros e funcionários públicos italianos.

A última linha da "Divina Comédia", em que Dante se depara com a visão de Deus em pessoa, é um sentimento que ainda pode ser facilmente compreendido por qualquer um que conheça o chamado italiano moderno.

Dante escreve que Deus não é apenas uma imagem ofuscante de luz gloriosa, mas que Ele é, acima de tudo, l'amor che move Il sole e l'altre stelle... "O amor que move o sol e as outras estrelas..."

Vada a bordo Cazzo!

E começamos mais um ano desacreditados, colocados por alguns jornalistas abaixo até da Portuguesa. Claro que isso tudo é com objetivo claro de espezinhar o Palmeiras, que vem sendo objeto de escárnio da imprensa já há alguns anos.

Concordo que grande parte da culpa cabe ao próprio Palmeiras e seus políticos, que além da incompetência gerencial, escancaram suas crises pela imprensa em tempo real, transformando o Palmeiras num verdadeiro BBB, prato cheio para quem vive de fofoca de bastidores.

Hoje ouvi uma crônica bem interessante do Arnaldo Jabor na CBN -http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/arnaldo-jabor/ARNALDO-JABOR.htm  - ele fala do acidente do Návio Costa Concordia. Em um dos momentos ele cita o diálogo entre o capitão Schettino – hoje considerado um traidor dos italianos – e capitão da Guarda Costeira Gregório Falco. Falco representa o passado de honra e valentia italiana, indignado com a covardia e egoísmo do capitão Schettino, que é símbolo da geração Pusilânime que perpetuou não só na Itália, como no mundo intero. Talvez esse diálogo ganhe um poder simbólico muito grande nesse momento que passa o povo italiano, que precisa recuperar sua dignidade depois de anos de um governo corrupto que deteriorou a imagem do país no mundo. Gosto muito de uma frase que escutei uma vez, que só a Itália é capaz de produzir gênios incríveis e ao mesmo tempo líderes tão patéticos. O Palmeiras é talvez uma micro-reprodução fiel em terras brasileiras disto tudo.

O Palmeiras, apesar de sua dimensão, ainda é em seu núcleo um time da colônia italiana, e isso se torna muito claro pelos sobrenomes de seus dirigentes. Em um primeiro momento da história, aqueles italianos que vieram de uma situação terrível de guerra e pós-guerra, tiveram de ter muita tenacidade e valentia para prosperar em um novo país - e conseguiram – talvez é o povo, dos muitos povos, que mais tenha cedido características a São Paulo e o Palmeiras é um símbolo desta influência. Porém a passagem de geração é quase sempre ingrata aos povos e no Palmeiras tem sido terrível. Os dirigentes de hoje em nada lembram aqueles responsáveis pelas glórias do Palmeiras, creio que muitos, até pela avançada idade, viveram os dias melhores dentro do clube, mas foram seduzidos pelo poder e hoje não passam de decrépitos brigando por interesses pessoais. Pode ser que eu esteja enganado, que tenha sido sempre assim e que só os tempos mudaram, mas não imagino que uma história como a do Palmeiras tenha sido construída por pulhas como os de hoje, que ostentam uma "italianice" vulgar, onde se orgulham de pertencer a uma raça, mas não a honram como devem. Não tenho idade para ter acompanhado os primeiros italianos que comandaram o Palmeiras, mas os construo em minha mente através da referência de meu pai: vanguardistas, honrados, valentes e orgulhosos, que podiam se pegar no tapa em uma discussão, mas jamais permitiriam que os outros desonrassem os seus. Imagino que se vissem estes antigos, os de hoje, teriam a mesma indignação do capitão Gregório Falco ao ver seu compatriota se acovardar. Pois nas devidas proporções de uma tragédia a um time de futebol, que o Tirone e o Frizzo têm feito hoje é se acovardar, ficarem omissos às humilhações que o Palmeiras vem sofrendo, fugirem de confrontos e deixarem os milhões de palmeirenses sem uma voz que os representa. 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A apoteose de São Marcos

Não sei se você leitor já teve a oportunidade de assistir o belo filme Peixe Grande e suas histórias incríveis, onde no final, em uma das cenas mais marcantes do cinema (ao menos para mim) o narrador diz: Um homem conta suas histórias tantas vezes que ele se mistura a elas e elas sobrevivem a ele, e é desse jeito que ele se torna imortal.

Sem dúvida hoje é um dos dias mais emocionantes que vivenciei no futebol, tive a grande sorte de acompanhar a despedida de um jogador e o nascimento do maior herói, mito, santo palmeirense. Tenho certeza que as gerações futuras de palmeirenses continuarão propagar as inúmeras histórias que cercam a carreira do Marcos e tal quais os heróis míticos, seus feitos virarão lendas no futebol brasileiro. Lembrarão do goleiro que crescia na hora de pênaltis, do goleiro que tomava café durante o jogo, do monstro que buscava bolas inalcançáveis, do jogador mais carismático que já surgiu no esporte mundial, no cara que deu R$50,00 para um pedinte no farol só pelo fato de ele estar com uma camisa do Palmeiras depois de uma goleada vexatória, do garoto do interior trocado por 7 ou 11 pares de chuteiras que se tornou o maior goleiro da história do futebol brasileiro ou do santo humano que falhou como qualquer um mas foi sublime como nenhum outro.

Nós palmeirenses podemos nos sentir privilegiados, pois apesar dos pesares, só nós tivemos Marcos, só nós fomos em 530 jogos representados como torcida, dentro de campo, em vitórias épicas e derrotas doloridas, por uma figura integra e goleiro fantástico e só nós podemos dizer que no Palestra Itália nasceu e morreu para o futebol o maior goleiro do Brasil.

A última e derradeira prova de sua diferença para os outros jogadores foi que Marcos não quis capitalizar em cima de sua despedida, deixou o futebol ao modo simples do mesmo modo que iniciou sua carreira, talvez por receio de não saber como agir diante de uma decisão tão difícil. Mas a grandeza de sua figura jamais permitiria que sua saída do futebol passasse despercebido, pois o que o torcedor do Palmeiras sente por Marcos não é fruto de uma estratégia de marketing, é uma relação de devoção recíproca que transcende os limites de nossa torcida e comove a todos amantes de futebol.

Obrigado de verdade Marcos, por honrar como nenhum outro distintivo que amo.

Puta que o pariu! É o melhor goleiro do Brasil, Marcos!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Camarão que dorme a onda leva

Para hoje está marcada a reapresentação do elenco palmeirense e a maior novidade é justamente a falta de novidade. O Palmeiras segue no papel que assumiu de coadjuvante tanto dentro de campo quanto fora. Essa inércia desesperadora tem causado uma sensação de angústia na torcida que já nem sabe se há para o que torcer, sabe que ama o Palmeiras acima de tudo, mas já não consegue mais enxergar Palmeiras naquele frangalho catatônico que reflete a administração atual. Alias, catatônico foi o melhor adjetivo que encontrei para descrever o momento do Palmeiras, pois não a reação alguma, nem mesmo para defesa da honra e da história perante a ofensas chulas de empresários e jornalistas mequetrefes. Desde que o presidente Arnaldo Tirone assumiu o clube, junto ao irônico Frizzo, absolutamente nada foi feito em tudo, nem ao menos a tal "recuperação das finanças" tão prometida. Tudo o que pudemos acompanhar foram brigas políticas, especulações não concretizadas e um time jogado a própria sorte. Sempre que há alguma polêmica ou alguma decisão importante a ser tomada, o Presidente se finge de planta e deixa que as coisas se resolvam sob ação do tempo. A falta de ação é sintomática a essa gestão, tanto na obtenção de receitas quanto na contenção de gastos, do contrário haveria mais empenho em casos como do Ewerton. Os últimos patrocínios fechados foram herdados da gestão Beluzzo, que errou também sim, mas por excesso de ação. A cota de TV só não foi menor, pois a Globo ofereceu o padrão ao tamanho do Palmeiras, mesmo assim descemos de nível em relação ao Corinthians e Flamengo.

O ano acabou e nesse intervalo de um mês tivemos de conviver com essa analogia infame criada por nosso técnico, de que estava cansado de arroz feijão e agora queria se esbaldar de camarões, analogia essa que foi comprada pela imprensa e agora temos de agüentar trocadilhos babacas da imprensinha e até do babaca do Frizzo. Promessas foram feitas como forma de amenizar o ano insosso de 2011, mas passado um mês, as negociações "engatilhadas" foram uma a uma pipocando, nos restando sonhos menores como Daniel Carvalho, André Lima... Nem mesmo as mudanças diretivas tão necessárias foram feitas, tudo continua na sua mais perfeita bagunça. O marketing do clube está há pelo menos 20 anos atrasado em relação a todos grandes clubes do país. A tal parceria com o grupo inglês Kentaro foi mais uma das estórias ventiladas, que do mesmo jeito em que surgiram desapareceram, me parece que qualquer um que senta-se à mesa de negociação junto com os "gestores" do Palmeiras terminam a conversa dizendo: Tudo bem, agradecemos seu interesse e qualquer coisa a gente liga.

A Mancha Verde que até então havia proposto uma trégua para diretoria decidiu se manifestar hoje em frente ao CT da Barra Funda. Segundo entrevista que ouvi a pouco do André Guerra, haviam concedido um tempo para o presidente poder cumprir o que havia prometido, mas passou o tempo e tudo não passou de conversa. É importante para todos que a Mancha Verde tome essa atitude que é extensiva a todos os palmeirenses, independente de afiliação à organizada. "Mediante ao anuncio do protesto nosso Beiruteiro Mór, Roberto Frizzo, solta essa: eles podem ficar tranqüilos, pois teremos uma panela farta de camarões.

Agora eu pergunto: Alguém acredita?

 

Pierre

Algumas coisas no futebol só são reveladas depois de algum tempo. Hoje saiu uma ótima matéria do jornalista do IG Danilo Lavieri sobre o caso Pierre. É impossível para qualquer palmeirense, mesmo os que contestam a qualidade do Pierre, não se indignar com a história. Infelizmente a diretoria delegou muito poder ao Felipão e aos seus dois capachos (Galeano e Murtosa), e excesso de poder na mão de qualquer um sempre dá merda. Não é de se estranhar que o grupo rachou.

Prefiro guardar a imagem do Felipão de 1999. É o risco que se corre em tentar resgatar antigos ídolos, eles podem, numa passagem diferente, não se mostrar tão ídolos assim. Creio que nos últimos anos nos palmeirenses tivemos uma lição bem grande sobre isso.

 

Falta de dinheiro

A justificativa maior do insucesso do Palmeiras nesta gestão é a falta de dinheiro. Nem citarei aqui times equivalentes ao Palmeiras, vamos ao Grêmio, que sem dúvida tem uma receita menor de patrocínio, televisão e venda de camisas.

Só nesse ano o Grêmio trouxe Kleber e Marcelo Moreno e ainda cogita Giuliano e Carlos Eduardo.

Será que toda a diferença está no dinheiro ou na competência em administrá-lo?