Um centenário de incertezas
Amigos palmeirenses. Depois de um longo período decidi escrever
algumas linhas nesse meu blog há tanto tempo inativo.
Na verdade após a queda para série B, mudança de diretoria e
um campeonato longo e chato, não havia o que ser falado. As críticas seriam
injustas, uma vez que o time estava sendo montado para uma disputa secundária
no cenário nacional e o presidente que assumiu na oportunidade, o Paulo Nobre,
não merecia críticas pelo desastre total que foi a gestão Tirone. Do mesmo
modo, não havia motivos para otimismo exacerbado, pois disputar a ponta com
Chapecoense é algo que não há do que se orgulhar. A despeito disso havia outras
barreiras que o Palmeiras tinha de enfrentar, que determinaria se o ano de seu
centenário seria digno de uma história escrita no século XX, ou se por mais uma
temporada teríamos de nos conformar com o papel de coadjuvante. As principais
eram: o saneamento das finanças; aumento das receitas através de patrocínios ou
ações de marketing; uma melhor política com os meios de comunicação e em
especial a Globo; ambiente menos conturbado, estancando o vazamento de
informações.
Em 2013 nenhuma dessas barreiras foram superadas: o
Palmeiras perdeu o Barcos por questões financeiras, disputou de forma pífia a
Libertadores com um time remendado, passou o ano todo com a camisa lisa, teve
pouquíssimas partidas transmitidas na TV aberta e o estancamento das
informações veio através de concessões políticas feitas à ala do Mustafá Contursi.
Apesar de tudo o torcedor palmeirense foi compreensivo, entendeu que se tratava
de um momento difícil e mesmo com o time na série B garantiu o aumento
exponencial no programa Avanti.
O ano do centenário começou promissor, com a promessa do tão
famigerado patrocínio de camisa, com o aporte financeiro através de uma
complexa operação bancária e com o time de volta a elite do futebol, no seu
centenário, não havia porque as emissoras de TV continuar o desprestigiando nas
transmissões em rede aberta. Mas esse otimismo durou pouco! A queda no
campeonato Paulista diante ao Ituano mostrou que o time ainda não estava
preparado para almejar algo maior no Brasileiro - e o pior - a perspectiva de ter
um time na disputa do campeonato da série A inferior ao da série B. No sistema
defensivo, por exemplo, iniciamos 2013 com Henrique e Vilson, em 2014 é Lucio e
uma interrogação. As renovações de Wesley e Kardec estão emperradas devido a
nova política salarial do clube e há sim um grande risco da perda de ambos. Não
há substituto a altura, só um monte de entulho que aceitou a tal política de
produtividade. Sem contar a dificuldade de contratar zagueiro, lateral direito
e volante.
Como se já não bastasse tudo isso, está difícil vislumbrar aumento
de receitas. A Globo, mais uma vez, praticamente tirou os jogos do Palmeiras da
grade de transmissão para TV aberta, prestigiando o “time do povo” e o “time da
elite”, com isso fica mais difícil conseguir bons valores de patrocínio de
camisa. O Programa de Sócio-Torcedor que vinha numa escala de crescimento,
estancou depois do desânimo causado pela eliminação ridícula no Paulista e deve
regredir caso o presidente resolva abrir mão dos poucos atletas de nome que tem
no elenco. E o que mais incomoda em tudo isso é que nenhum membro da diretoria
aparece para dar satisfação, dar um alento ao torcedor, pelo contrário, permanecem
calados e escondidos em notas oficiais.
Creio que há tempo de o presidente Paulo Nobre salvar seu
mandato. Sem dúvidas há virtudes nele, mas essa postura Quixotesca de querer
sozinho deflacionar o futebol brasileiro tem transformado o Palmeiras num time
grande de jogadores pequenos. É bacana ver o Palmeiras se defendendo quando
atacado injustamente pela imprensa, mas é preciso também se manifestar contra esse
downgrade que a Globo vem impondo ao Palmeiras. Paulo Nobre está perdendo a
oportunidade de se colocar no hall dos presidentes memoráveis e pouco a pouco fixando
seu quadro no hall dos presidentes medíocres. Há de se ter um pouco mais de
culhão!
Alan Kardec
Em meio a esses anos complicados o Palmeiras conseguiu ter uma
sorte rara, conseguir dois ótimos centroavantes. Primeiro foi Barcos que veio a
um custo relativamente baixo da LDU e em pouco tempo ganhou destaque no futebol
brasileiro. O Palmeiras o perdeu numa transação nebulosa, péssima para o
Palmeiras e que começa dar bons frutos ao Grêmio. Na oportunidade, o substituto
era o tal do Kleber, grosso, que perdeu aquele gol feito contra o Tigres na
Libertadores. Foi então que o Palmeiras acertou o empréstimo com o Alan Kardec,
que não vinha bem no Benfica de Portugal. O centroavante que chegou sob
desconfiança foi se destacando e hoje está entre os principais em atividade no
futebol brasileiro. Não dizem que a sorte é um cavalo que passa alado e você
tem de agarrar? Pois então! Para o Palmeiras passou dois! Mas pelo que parece
faz esforço para perder o segundo. Toda essa novela tem atraído a atenção de
outros clubes, que dificulta ainda mais a negociação. Se tudo fosse feito com mais
agilidade não haveria tantas especulações e o Palmeiras poderia estar focado em
contratar outras peças que são fundamentais ao time. Isso precisa de um desfecho
rápido e positivo, se o Paulo Nobre perder essa, pode jogar esse mandato no
lixo.