terça-feira, 29 de novembro de 2011

O ídolo de níquel


Em minha modesta opinião Ronaldo "Fenômeno" ou Ronaldo Gordo, como mais lhe cabe, não foi esse craque que muitos falam. Alguns "especialistas" o colocam só abaixo do Pelé, mas Ronaldo não chega nem ao patamar de Romário. A análise é simples, Romário marcou muito mais gols que Ronaldo e foi muito mais importante para os clubes que jogou. Mas a quem diga: Mas Ronaldo é o artilheiro das copas. E eu respondo: Se Romário tivesse jogado o número de copas que jogou Ronaldo, seria de longe mais artilheiro. Na verdade Ronaldo jogou em alto nível por uns 5 ou 6 anos, no restante de sua carreira sustentou-se no seu "legado" e em algumas jogadas pontuais. Não estou dizendo aqui que ele foi um jogador mediano, mas que em minha opinião não foi o "fenômeno" que a mídia prega.

A grande vantagem de Ronaldo para Romário é que ele foi o primeiro craque da era moderna, na era onde as habilidades nas propagandas de material esportivo e videogame são mais importantes que o o feito em campo. Ronaldo soube como nenhum outro jogador capitalizar seu talento, trabalhar o marketing pessoal e através disso recebeu status sobre-humano. Muitos falam com propriedade sobre seu talento mesmo tendo acompanhado pouco sua carreira, mas por ter ouvido falar... sabe como é... o tal do Buzz Marketing. Hoje muitas pessoas acompanham os campeonatos europeus através da TV fechada, mas convenhamos que há 15 anos atrás o número era menor, tendo Ronaldo vivido grande parte de sua carreira na Europa, como tanta gente tem propriedade para elegê-lo como fenomenal? É evidente que a maioria só assistiu os gols, as premiações e a tonelada de matérias especiais sobre suas superações milagrosas, ascensão fantástica, habilidade incrível, etc. Romário já foi o contrário, nunca soube trabalhar seu marketing pessoal, alias, nunca fez questão alguma de ser querido. Bateu de frente com treinadores, repórteres, ídolos nacionais e companheiros de time. Trocou por opção a Europa pelo Brasil, na época em que os salários eram absurdamente diferentes. Socou um torcedor durante um treino, falava abertamente que detestava treinamento, mas com um porém, Romário jogava muito mais que ficava no departamento médico, prova disso é que tem tantos gols na carreira. Foi para Copa do Mundo de 1994 passando quadrado pela goela do técnico e ganhou praticamente sozinho a bagaça. Deu azar de na edição seguinte estar machucado e de não ter "tanto" prestígio assim com a CBF, tanto é que na Copa de 2003, Ronaldo e Adriano foram convocados mesmo sem condições físicas de jogar.  

Mas a intenção aqui não é comparar Ronaldo com Romário, apenas tentei explicar o porquê que nunca tive essa idolatria que o povo brasileiro tem pelo Ronaldo, mas sou voto vencido, porque de cada 10 brasileiros, 9 amam o Ronaldo, principalmente porque grande parte do povo só curte futebol (e o país) na época da Copa do Mundo. São os discípulos de Galvão. O fato é que Ronaldo Gordo com toda fama construída mundialmente ganhou muito dinheiro, muito mais que Romário inclusive. Ronaldo ganhou tanto dinheiro que poderia hoje fazer e falar o que quisesse, sem ter que bajular ninguém. Mas o caminho que ele escolheu não foi esse, ele quer poder, quer fazer parte desse grupo imundo que toma conta de nosso futebol. Um sinal muito claro disso foi quando optou pelo Corinthians ao Flamengo, time de seu coração, Ronaldo sabia que no Corinthians poderia alcançar seu objetivo, sabia que poderia virar praticamente sócio do presidente e dali galgar passos maiores fora do campo. Quando Ronaldo deu aquela entrevista patética, atribuindo sua má forma física a um problema de tireóide e que queria continuar mas não consegue, muita gente se comoveu, eu ri, pelo teatro armado. Quando ele disse que virou corintiano, aí sim acreditei, pois o amor do Ronaldo é igual o amor de suas ex-esposas por ele. O Ronaldo hoje é um das figuras que mais me enojam, um cara que podia usar sua imagem para contribuir com a limpeza no futebol, mas a vende para torná-lo ainda mais podre, encobrindo canalhas como o atual presidente da CBF Ricardo Teixeira e o possível futuro presidente da entidade, seu amigo e parceiro Andres Sanches. Hoje ele é a bola da vez nos bastidores de nosso futebol (e política), pois está provado que uma imagem carismática sobrepõe qualquer má conduta, colocar ele a frente da Copa do Mundo é receber o endosso do "sábio" povo brasileiro para se fazer qualquer coisa – afinal ele é um ídolo não é mesmo!    

6 comentários:

  1. SIMPLESMENTE PERFEITO! SENSACIONAL TEXTO!

    Concordo absolutamente em TUDO!

    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. muito foda o texto... nem li o resto do blog mas, esse texto é muito, muito foda!

    ResponderExcluir
  3. Cara, ótimo texto.

    Ronaldo foi o primeiro jogador brasileiro a se adaptar perfeitamente ao tal futebol moderno, que dita as regras desde a década de 1990, e coloca o marketing esportivo em posição privilegiada em relação à alma do futebol.

    Também sou voto vencido, e acho que ele jogou muita bola até 1998. Até lá ele realmente era um fenômeno. Depois só viveu do marketing construído sobre sua imagem a partir de atuações anteriores.

    Romário foi muito melhor, de fato.

    Parabéns pelo texto.

    ResponderExcluir
  4. Exatamente
    O pior que depois dele a todo momento surge um candidato a Ronaldo, que faz duas ou três partidas boas, seu empresário bombardeia na mídia que ele será o novo craque, especula que grandes times da europa o quer, da noite para o dia exige do clube um contrato milionário e passa então a viver da sombra dele mesmo.
    Obrigado pelo comentario

    ResponderExcluir