terça-feira, 21 de maio de 2013

Um pouquinho de Brasil laiá

O site Máquina do Esporte noticiou ontem que nosso glorioso ex-presidente deposto e atual senados do Estado de Alagoas anunciou o patrocínio da Caixa Econômica Federal para o ASA de Arapiraca (http://migre.me/eEdQ3). A matéria ainda diz que o negócio foi intermediado pelo próprio Fernando Collor de Melo e Renan Calheiros, ambos com uma reputação de causar inveja até em Al Capone. Apenas como adendo, Alagoas tem o pior IDH do Brasil equivalente a um país africano. A notícia passou batida, até porque a grande maioria das pessoas só se preocupam em compartilhar merda nas redes sociais, alem de que absurdos como este já fazem parte de nossa cultura, um país que com um pé avança ao futuro e com o outro se mantém no coronelismo puro.

Parece que a política nacional passa por uma fase de redescoberta da funcionalidade do futebol para manutenção do poder, esse flerte sempre existiu, mas de uns tempos pra cá o governo passou a financiar os times mais populares explicitamente através do patrocínio da Caixa Econômica Federal. Em primeiro lugar a CEF é um banco estatal detentora do monopólio de inúmeros serviços públicos, por exemplo o FGTS, basicamente todo brasileiro que contribui com o fundo de garantia tem uma aplicação da Caixa. Quando você abre uma conta em um banco privado está livre em optar por manter sua conta ou não dependendo das atitudes dessa instituição, por exemplo, se você é um ativista em prol da defesa de animais e o sua banco patrocina um rodeio, você tem toda a liberdade de encerrar sua conta e procurar outro lugar, já no caso da Caixa não, somos obrigados a financiar qualquer merda que o banco faz, inclusive esses patrocínios sem sentido através de lobbies políticos.

A fórmula simples de aumentar a sensação de bem estar do povo através de conquistas esportivas é batidíssima, o tal do "pão e circo" romano tem adaptações Latino-americanas aos montes, mesmo no século 21 com tanto acesso a informação as pessoas ignoram os dramas cotidianos quando seu time de futebol conquista títulos. Apenas no intervalo de um ano a Caixa Econômica Federal anunciou patrocínio ao Atlético Paranaense, Corinthians, Flamengo e Asa de Arapiraca, times populares em sua região e que no caso dos dois primeiros, ainda terão seus estádios como sede da Copa de 2014. No caso do Corinthians a CEF além do patrocínio na camisa, bancou o financiamento do estádio depois da pressão exercida por Andres Sanches no governo, quando nem o BNDES aceitava as garantias propostas. O Flamengo terá seu segundo patrocínio de estatal, alcançando um recorde infame de ser o time de maior torcida do Brasil e que mesmo assim depende de ajuda indireta do poder público.

Infelizmente os torcedores "beneficiados", mesmo quando providos de algum discernimento, acabam sucumbindo ao efeito sedutor do pseudo privilégio e defendem com unhas e dentes suas justificativas. Que fique claro aqui, principalmente aos alienados, que esse texto não é contra o PT ou contra o Corinthians, mas é contra um estilo populista de fazer política que pauta tudo aqui no país. E me adianto também em falar que se por ventura meu time, o Palmeiras, vier a ser patrocinado por Caixa Econômica Federal ou qualquer outra estatal, também me posicionarei contra e me negarei a comprar qualquer material esportivo que ostente esses logotipos.

4 comentários:

  1. Querendo ou não, a Caixa Econômica Federal é uma empresa, e como toda boa empresa destina alguns recursos para marketing.
    Com base nisso, aos olhos dos que pensam como esse seu texto, ela pode tranquilamente anunciar no intervalo do BigBrother Brasil (evento televisivo de uma emissora de TV privada) que ninguém diz nada.
    Mas patrocinar os maiores times de futebol em cada estado não. Porque?

    Danilo

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  2. Amigo Danilo
    A Caixa é sim uma empresa estatal e deve ter seu Budget de marketing que usa muito por sinal, no entanto é preciso separar muito bem o que é investimento em marketing e o uso político de uma estatal. Quando se está veiculando uma publicidade na televisão o caráter é educativo e informativo, fora que geralmente essas inserções não privilegiam só uma rede (ou não deveriam privilegiar), quando a caixa investe dinheiro em um só clube no Estado, principalmente no caso do seu que já possui capacidade financeira, ela está privilegiando uma instituição em detrimento das demais e não fomentando o esporte como um todo. Entendo sua paixão clubística, mas sei também que é um sujeito inteligente e consciente e entenderá perfeitamente que estou falando e a motivação de tais patrocínios.
    Abraço

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  3. Não entendi não Fábio !

    Então uma estatal que apoie e financie uma peça de teatro de um grupo teatral específico não deveria fazer, pois só seria plausível se apoiasse o teatro como um todo (todos os grupos existentes ou então todas as peças teatrais).
    Patrocinar um piloto de automobilismo tampouco. O que o Banco do Brasil faz junto ao piloto Felipe Nasr na GP2?
    O que dirá então de uma estatal veicular um anúncio inserindo-o no conteúdo de uma novela de uma determinada emissora. Talvez seja errado também, pois teriam que fomentar toda produção cultural, artística e esportiva do setor, e não de uma só.
    Apoiar um ONG que cuida de crianças pode? Mas não deveriam apoiar todo o setor? Como ficarão as outras ONGs que não receberão esse apoio?

    Esse seu post revela uma visão invejosa de alguém que está levando em conta "a paixão clubística".
    Caras que pensam assim, no fundo no fundo estão com a seguinte filosofia na cabeça: "Estatal não pode patrocinar time privado que não seja o meu".


    Agora, um contrato fraudulento ou de fato formas duvidosas deve ser apurado e, constatadas irregularidades, suspenso imadiatamente e punindo os envolvidos.
    Todos os anos todas as estatais lançam editais para apoiar e patrocinar projetos em diversas áreas da sociedade. Cabe aos interessados apresentarem projetos (inclusive apresentando o retorno do investimento).
    É sabido que o Palmeiras, assim como muitos outros clubes, apresentou essa oferta cadastrando-se no processo, mas a instituição optou pelos que melhor se enquadraram nos diversos requisitos.

    Simples assim...

    Forte abraço:
    Danilo.

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    Respostas
    1. Realmente você não entendeu ou fez de conta que não. Quando se mistura situações totalmente diferentes como peças teatrais que dependem de leis de incentivo para serem produzidas e um clube de futebol de massa que gera fortunas não da para prosseguir é como dar murro em ponta de faca.
      Limitar o assunto a "inveja clubística" é como um servidor público fantasma alegar que a indignação que a situação dele causa é mera inveja por não se estar em seu lugar ou é como um empresário que ganhou uma licitação através de lobby e propina alegar que a reclamação dos demais concorrentes é "inveja empresarial".
      Quanto ao contrato fraudulento eu não sei e pelo visto pouca gente sabe, até porque a Caixa nega acesso a essas informações como se pode ler aqui: http://www.espn.com.br/post/295714_caixa-nega-acesso-ao-contrato-com-o-corinthians Talvez os diretores do Corinthians tenham lido algum desses editais e tenha pensado: Olha! Pode ser uma boa tentar né...rs. Eu não tenho informações que o Palmeiras tetou, se você tem gostaria muito que me passasse pois estou curioso para ler, de qualquer modo manteria minha opinião, pois quando julgo que meu time está sendo antiético eu não tento justificar, apenas critico e prossigo torcendo, como eu fiz quando o Palmeiras rompeu contrato com a samsung.

      Abraço

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