quinta-feira, 23 de agosto de 2012

No fio da navalha

Imagine a cena. Um pelotão está num front de batalha, numa base improvisada com bala e bomba pipocando em todo lado. O comandante chama o atirador de elite para matar um sujeito que dispara sem parar com uma metralhadora de chão. Aí ele descobre que o atirador mais competente sofreu um ferimento com estilhaços no rosto e está sem visão, sendo assim chama o substituto imediato, mas esse teve uma crise de pânico e está tremendo mais que vara verde. Sem opções ele chama um recruta inexperiente, cujo a especialização é desarmar bombas para ficar no lugar do atirador. Mas não é só isso, sobrou pouquíssima munição e aquele recruta sem experiência tem nas suas costas o peso de não poder errar. A tropa está toda ferida, os soldados mais experientes, estão exaustos, com sede e com fome. A água é racionada, pois a pouca que resta tem de matar a sede e ocasionalmente limpar algum ferimento. O imediato tenta desesperadamente chamar reforços e suprimentos, mas todos acessos estão bloqueados, o que revolta o comandante, pois antes do bloqueio já havia alertado para a eminência dessa necessidade e o quartel ignorou acreditando que aqueles soldados ali seriam capazes de dar conta, afinal, já tinham vencido uma outra batalha difícil com o mesmo contingente.  
Dentro de suas devidas proporções o que o Palmeiras vem passando é isso e ontem chegou-se ao absurdo de nem ter banco para escalar. Nos meus anos de torcedor já vi times terríveis, que mesmo se entrasse em campo os 11 titulares mais os 7 reservas não daria um time, mas não me lembro de uma situação em que não havia nem jogadores para formar um banco. No primeiro tempo o Palmeiras suportou bem e se não fosse mais uma vez ROUBADO teria chances até de sair vencendo, mas o que dava para ver era só esforço e mais esforço, o time totalmente desfigurado e desentrosado não era capaz de trocar três passes certos. O placar final, de 3 x 1 para o Botafogo, foi no fio da navalha, tenho certeza que um time menos desfigurado do Palmeiras teria ganho esse jogo lá no RJ, mas pelas condições acabou sendo heroica essa classificação.
Camarão que dorme a onda leva e a diretoria dormiu na boa maré da Copa do Brasil. Um sujeito pouca coisa inteligente já notaria, mesmo com a vitória, que o elenco do Palmeiras precisava de peças com urgência. Não dava para contar com a recuperação antecipada do Wesley, nem com a boa vontade do Valdivia e menos ainda com a ascensão de jogadores que já vinham jogando mal.  Mas não, apenas trabalharam para anabolizar suas posições políticas com os louros da vitória. O excesso de contusões é reflexo do limite que estão esses jogadores (os que jogam), tendo de cobrir funções e jogar todos os jogos como decisões. Nem me lembro da última vez que o Palmeiras pode repetir a escalação dois jogos seguidos com todos jogadores dentro de suas funções. Aliado a isso ainda temos os fatores externos como sucessivos ROUBOS que minam o emocional de qualquer atleta. Para o Palmeiras uma pausa no campeonato seria uma glória, pois esse time está no limite.
Hoje só tenho a parabenizar ao atletas que mesmo com suas limitações técnicas se esforçam no jogo, nas suas recuperações físicas e demonstram interesse e respeito pelo Palmeiras. 

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